top of page

A História dos Vibradores

Atualizado: 11 de jan. de 2023

O vibrador surgiu no início do século XIX na Inglaterra com o único objetivo de auxiliar mulheres que sofriam de “histeria”.

Conhecida na época por uma doença psíquica, exclusivamente feminina e que tinha como sintomatologia insônia, irritabilidade, dor de cabeça, crises de choro e até falta de apetite.

Sintomas estes conhecidos popularmente de ataque histérico!


A palavra "histeria" é derivada de histerus que em grego significa "útero".

Segundo o filósofo Platão, a causa da histeria era atribuída ao útero, o personagem principal. Ele o descrevia como um ser vivo autônomo e com a capacidade de se movimentar pelo corpo. Para aquelas mulheres que não tinham relação sexual o útero ficaria mais leve e, portanto, teria mais facilidade ainda para se movimentar, agitando-se e causando a obstrução das passagens de ar e caso atingisse o coração, a paciente teria sinais de ansiedade, opressão e vômitos.

O então filósofo e médico, Hipócrates mantinha a mesma crença de que a histeria se desenvolvia pela privação de relações sexuais. A mulher poderia perder peso e o útero se deslocar pelo corpo em busca da umidade necessária. A paciente teria sua respiração afetada bem como os sintomas relacionados acima e em situações mais graves até convulsões foram relatadas.

Mas será que essa tal relação de umidade com útero se explica o motivo que nossas avós e bisavós nos convencíamos de que não poderia lavar o cabelo ou andar descalço no período menstrual, cuja simples explicação era de que a friagem se instalaria no ventre!

Para falar de histeria não se pode deixar de fora Sigmund Freud, o pai da Psicanálise. Ele observou que todos os sintomas físicos que desencadeavam a histeria não vinham de causas orgânicas e sim de situações de abuso ou violência sexual e até mesmo de desejo sexual reprimido gerando ansiedades e traumas na vida adulta.


A "pseudo" cura veio batizada de "paroxismo histérico", o que nada mais é que o orgasmo dos tempos modernos. Realizada por médicos em seus consultórios, a solução se baseava em massagens na região vulvar, o que de fato não tinha nenhum tipo de conotação sexual. Algumas gritavam, caiam e até se contorciam no chão, o que fazia com que os sintomas amenizassem por um determinado período.

Os resultados do tratamento foram surpreendentes e as mulheres passaram a lotar os estabelecimentos médicos em busca da cura para seus problemas. Em contrapartida, os médicos passavam horas massageando suas pacientes, levando a um desgaste muscular intenso, com movimentos repetitivos, desencadeando lesões pelos esforços e consequentemente diminuição nos atendimentos.

Alternativas surgiram como jatos d´água no clitóris sem muito sucesso. O que literalmente foi por água abaixo!


Foi quando surgiu em 1869 o primeiro vibrador a vapor, um dispositivo enorme, batizado de “The Manipulator”. Posso até imaginar um tipo de Orgasmatron do filme “O Dorminhoco” (“Sleeper”) de Woody Allen. De aspecto assustador, o aparato levava as mulheres ao tal “paroxismo histérico” mais rapidamente. Isso permitia aos médicos descansar as mãos e atender mais pacientes.

Evaporou logo e 10 anos depois surge o vibrador a manivela pouco melhor desta vez para a época.


Aperfeiçoando mais, em 1902 surge o vibrador elétrico, como a revolução dos vibradores desta vez! Lançado pela empresa americana Hamilton Beach, especializada em equipamentos de cozinha fez com que as mulheres deixassem de usar apenas em consultórios médicos e usassem em casa ainda como tratamento de histeria, que fique claro! Ficava exposto no banheiro ou na área de serviço como um eletrodoméstico mesmo.

O vibrado elétrico foi um marco no desenvolvimento do tratamento da histeria. A partir dele, os maridos podiam comprar este milagroso artefato para suas esposas não tendo a necessidade de levá-las aos consultórios.


Novidades não faltaram. Criado na Irlanda o primeiro vibrador 100% ecológico, plástico reciclável e sem necessidade de pilha, batizado de “Earth Angel “(Anjo Terrestre). A descrição do produto afirma que basta simplesmente girar a manivela da sua base durante 4 minutos e vibrações permanecerão por 30 minutos. Ao girar durante 8 funcionará durante uma hora sem interrupções, graças a um pequeno gerador interno.

Foi somente no início da década de 20 que ele começou a ser usado em filmes eróticos passando a adquirir um ar negativo e vulgar. E voltou a ser relativamente aceito na década de 60, com a revolução sexual feminina, como um aparelho dedicado ao orgasmo das mulheres.

Aliás, o orgasmo feminino foi aceito depois que a Associação Americana de Psiquiatria em 1952 aboliu a histeria como doença e pôde permitir o uso do acessório para promover e estimular o prazer feminino.

Segundo um estudo publicado no “The Journal of Sexual Medicine”, 52,5% das mulheres já fizeram uso de vibradores.

Mas será que o vibrador é uma ameaça para os homens?

Na verdade, eles temem sim o vibrador por medo de se tornarem obsoletos e serem substituídos por algo que não falha nunca, a não ser quando a pilha acaba! Ah...esqueci dos ecológicos!!!

Com toda minha convicção e experiência clínica na Área da Sexologia, posso afirmar que as mulheres, em hipótese alguma, desejam substituir homens por vibrador. Os relacionamentos são imprescindíveis. A valorização do toque, do contato físico, de carinho e gentileza nos faz tão bem que em alguns momentos se valem tão ou mais importantes que a penetração.

E quem sabe não precisamos mais ouvir ser chamadas de HISTÉRICAS em situações de um tipo de exagero de emoções, loucura ou total descontrole da nossa parte!



ree

Modelo de um vibrador elétrico de 1928

www.antiquevibratormuseum.com


 
 
 

Comentários


bottom of page